Verão Refrescente e Lucrativo

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19 de janeiro de 2011
Revista Enfoqueconomico – Número 34
20 de março de 2011
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Verão Refrescente e Lucrativo

Cerveja e Refrigerante

Cerveja e Refrigerante

O crescimento econômico experimentado por Brasil e Paraguai no ano passado traduziu-se não só em recorde de consumo de bens duráveis, como eletroeletrônicos e automóveis, mas também nos itens mais populares, de consumo maciço, como refrigerantes e cervejas, que experimentaram um verdadeiro boom a partir de 2003, ano da retomada do desenvolvimento nos dois países.

Em 2010, o consumo per capita, tanto de refrigerantes como cervejas, bateu o recorde nos dois países.

A loira mais desejada

No Brasil, o consumo de cerveja alcançou 61 litros per capita, quando em 2001 estava em 49 litros. Já no Paraguai, o consumo de cada habitante foi em 56 litros, contra 32 nove anos atrás.

Este crescimento coloca brasileiros e paraguaios na 3ª e 4ª posições, respectivamente,  em consumo per capita na América Latina, sendo os maiores consumidores os venezuelanos, seguidos pelos mexicanos.

Consumo per capita de cerveja, na América do Sul.

Consumo nos anos de 2001 e 2010

Consumo nos anos de 2001 e 2010

AMBEV, líder regional

A AMBEV domina com tranqüilidade as vendas continentais, com mais de 70% dos mercados brasileiro, argentino e paraguaio.

No Brasil, a empresa produz 7,5 milhões de hectolitros ao ano, equivalentes a 70% do que é consumido no país, através das marcas Skol, Brahma, Bavária e Antártica.

Em 2010, a empresa investiu R$ 2 bilhões para aumentar a capacidade produtiva em 15%.

Foi o maior investimento em um único ano já realizado desde a fusão da belga  Interbrew  com a brasileira AMBEV.

No Paraguai, a empresa opera com uma planta com capacidade de produção de 320.000 hectolitros/ano, ampliada recentemente, através de um investimento de mais de USD 80 milhões.

Em 2010, a gigante belgo-brasileira produziu 270.000 hectolitros, ou 98% do que foi fabricado localmente.

Desde 1990, a produção paraguaia de cerveja cresceu 181%, ou 5,3% ao ano.

Mesmo com um aumento significativo no consumo, os dois mercados ainda podem ser considerados intermediários, se comparados com o consumo médio na Europa, onde em muitos países superam-se 100 litros por habitante, e nos EUA, com 84 litros por americano, o que mostra um grande potencial a ser explorado.

Novas marcas ampliam presença

Mesmo com o domínio tranqüilo da gigante cervejeira, o mercado vem consolidando uma tendência que se iniciou há uma década,. O das marcas regionais.

É o caso da Indústria Nacional de Bebidas, INAB, com sede no município de Toledo, próximo de Cascavel, no Paraná, conhecida por sua marca Colônia.

De pequena indústria, quase artesanal, há uma década atrás, hoje a empresa detém uma importante fatia de mercado, tanto na região oeste e sudoeste paranaense, como nas colônias brasiguaias às margens do lago de Itaipu, onde briga em igualdade com a Brahma.

No Paraguai, a tradicional Cervecería Asunción, do Grupo Riquelme, modernizou a antiga planta, através de um investimento de USD 5 milhões, para produzir uma nova marca, denominada Victoria Lager, que segundo a companhia, foi elaborada sob medida do paladar paraguaio.

De acordo com os diretores, a unidade pode produzir 100.000 hectolitros ao ano, abastecendo 30% do mercado atual.

A intenção é aproveitar a logística da Embotelladora Central, segunda maior fabricante de refrigerantes do país, atrás somente da PARESA, fabricante local da Coca Cola.

A guerra dos refrigerantes

Se no setor cervejas, Brasil e Paraguai possuem características similares, com alta concentração do mercado em mãos de uma única empresa, na área de refrigerantes os mercados têm-se desenvolvido de forma oposta na última década.

No Brasil existe uma cada vez maios concentração das vendas nas mãos de Coca Cola e AmBev, que detêm juntas 84% do mercado nacional.

Desde 2003 a 2008, as marcas regionais, que haviam crescido fortemente durante o período de estagnação econômica devido ao baixo poder aquisitivo local, vêm perdendo espaço, reduzindo sua participação pela metade em cinco anos, até chegar aos 15,8% em 2008, de acordo à Associação dos Fabricantes de Bebidas do Brasil, AFRIBRAS.

Evolução do Mercado brasileiro de refrigerantes.

Grandes corporações (Coca Cola, AmBev e Schincariol).

Grandes corporações (Coca Cola, AmBev e Schincariol).

Grandes corporações (Coca Cola, AmBev e Schincariol).

Fonte: Afrebras. WWW.afrebras.org.br

Com isso, o mercado brasileiro mostra-se dominado por um oligopólio que concentra 85% das vendas dos 15 bilhões de refrigerantes consumidos no país em 2009, cujo consumo médio per capita, de 81 litros, ainda está abaixo do consumo latinoamericano, de 89 litros por habitante.

Com o crescimento esperado de 5% para 2010, a diferença com os demais países da região deve reduzir-se substancialmente.

Se na comercialização dos produtos a concentração já é alta, o mesmo não se pode dizer na geração de empregos.

E aqui reside a maior importância das indústrias empresas regionais.

Enquanto as três grandes corporações geram 30.000 empregos diretos, as 238 pequenas e médias empresas possuem um plantel de 21.000 funcionários.

Paraguai

No Paraguai, ocorreu o processo inverso em relação aos refrigerantes.

De uma alta concentração de mercado no inicio da década de 1990, hoje o país conta com 17 indústrias que lutam por 43% do mercado, sendo que a PARESA, fabricante local da Coca Cola e pertencente à empresa chilena Coca Cola Polar, domina o mercado nacional, com 57% do market share.

A empresa chilena não poderia esperar melhores resultados da filial paraguaia.

Entre 2005 e 2009, os lucros da PARESA cresceram em média 50% ao ano, e as vendas, 27,9% anual.

Isso porque o consumo paraguaio cresceu 95% entre 199-299, em termos per capita, a maior evolução da América Latina no período.

Entretanto, o mercado paraguaio ainda tem muito a evoluir, levando em conta que seu consumo pó habitante ainda é 50%  inferior ao argentino e chileno , que estão acima dos 120 litros per capita.

Com o crescimento esperado de 10% para 2010, o país deve alcançar a mesma média latinoamericana.

Mercado de refrigerantes. 2009.

Argentina Brasil Chile Paraguai América Latina
Consumo per capita. litros 121 81 123 81 89
Volume em milhões de litros 4.840 15.214 2.029 485 37.380
Crescimento consumo per capita 1999-2009 80% 54% 29% 95% 23%

Fone: Coca Cola Polar.

Com este crescimento, a PARESA tornou-se a principal empresa do grupo Polar do Chile, que possui operações da Coca Cola no país andino e na Argentina.

Em 2009, a empresa paraguaia comercializou 276 milhões de litros, ou 38% do volume total do Grupo, e seu lucro de USD 38 milhões representou 44% do lucro global da Polar.

Deste total, 244 milhões de litros foram produzidos no país, e o restante, importado, principalmente da sucursal argentina.

Entre 2005 – ano da aquisição da PARESA pelos chilenos- e 2009, a receita por vendas da Coca Cola Paraguai cresceram a um ritmo anual de 27,9%, enquanto o lucro aumentou a uma taxa média anual de 50%!

Estrutura da empresa Polar

Argentina Chile Paraguai
Capacidade de produção. Milhões de litros 226 265 354
Vendas em 2009. Milhões de litros 234 213 276
Participação no mercado 57% 73% 57%
Vendas em milhões de dólares, 2009 162 174 144
Lucro líquido. Milhões de dólares, 2009. 12 36 38

Fonte: Coca Cola Polar do Chile.

Com o crescimento recorda da economia em 2010, estima-se o aumento de vendas de pelo menos 10%.

Mas a empresa paraguaia tem condições de abastecer a demanda, levando em conta que a capacidade produtiva da planta de Ypané é de 354 milhões de litros anuais, podendo abastecer o mercado local por alguns anos mais.

Briga de gente grande

Se o 1º lugar ainda está tranquilamente nas mãos da Coca Cola, não se pode dizer o mesmo das posições seguintes.

O crescimento do mercado paraguaio fez com que a Pepsi Cola anunciasse seu retorno após quatro anos de ausência, desta feita através do Grupo A.J. Vierci, o maior conglomerado empresarial paraguaio.

A nova planta estará operando em 2011, no município de San Antonio, região metropolitana de Asunción, e opucará diretamente 500 funcionários na planta.

Mas a gigante americana terá muito trabalho para conseguir competir pelas primeiras posições, uma vez que várias marcas locais encontram-se fortalecidas e crescendo a cada ano.

GRUPO AJ VIERCI: possui a maior cadeia de supermercados do país, com centros de distribuição nos principais municípios paraguaios. Produzirá os produtos Pepsi a partir de 2011.

GRUPO RIQUELME: dono da marca Niko. Proprietário da cadeia de supermercados Rea e da Cervejaria Asunción.

BEBIDAS DEL PARAGUAY: proprietária de sete marcas de bebidas, desde sucos e água mineral a refrigerantes. A última aquisição foi a empresa PULP, mais antiga marca paraguaia de refrigerantes.

GRUPO AJ VIERCI: possui a maior cadeia de supermercados do país, com centros de distribuição nos principais municípios paraguaios. Produzirá os produtos Pepsi a partir de 2011.

GRUPO RIQUELME: Proprietário da cadeia de supermercados Real, da Cervejaria Asunción e da Embotelladora Central,  fabricante da marca Niko, segunda colocada no ranking paraguaio, e que detém, segundo seus diretores, 47% do mercado de descartáveis

A empresa produz suas próprias embalagens, o que lhe dá certa vantagem em custos sobre seus concorrentes.

BEBIDAS DEL PARAGUAY: proprietária de sete marcas de bebidas, desde sucos e água mineral a refrigerantes. A última aquisição foi a empresa PULP, mais antiga marca paraguaia de refrigerantes.

O concreto é que a luta por este mercado, que em 2010 chegou a 90 litros per capita, estará cada vez mais concentrada em grandes grupos empresariais nacionais.

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